Após restauração, a Capela de Nossa Senhora Aparecida, promete atrair visitantes e devotos, se tornando um novo ponto turístico da cidade

Construída no início do século XX, a Capela de Nossa Senhora Aparecida, conhecida popularmente como “Igrejinha”, é um ícone que já faz parte da história e da memória afetiva da população de Juruaia. O imóvel, que tem grande importância na constituição da religiosidade da cidade que tem população predominantemente católica, é também parte importante da história da Capital da Lingerie, e por esse motivo, foi tombado pelo munícipio em 2005 como patrimônio histórico municipal.

Segundo Igor Ruzzi, responsável pelo projeto de restauração, além de estar diretamente ligada a religiosidade da população, a Igrejinha se encontra em localização privilegiada: em uma montanha de frente para o núcleo urbano central de Juruaia, podendo ser avistada de quase todos os pontos da cidade, e que tem o primeiro registro datado de 29 de junho de 1952, no Livro do Tombo da Paróquia de Juruaia.

Em 11 de agosto de 1991, quase meio século após a data estimada da construção da Igrejinha, foi instalada em frente ao imóvel uma cruz de metal, com oito metros de altura “a cruz foi levada em uma procissão realizada por um grupo de missionários que a carregaram nos ombros até o alto da montanha, onde permanece até os dias atuais.” conta Ruzzi.

A Restauração

Em 2020, ao cursar a disciplina de História da Arquitetura na faculdade, Ruzzi relata que percebeu uma similaridade entre o que estava estudando e o que conhecia da Igrejinha “curioso pra saber sobre sua história, publiquei fotos da Igrejinha nas redes sociais com o intuito de encontrar pessoas que me ajudassem a fazer um levantamento histórico e fiquei surpreso pela quantidade de pessoas que se manifestaram, contando histórias, exaltando o apreço por ela e pedindo o restauro, este último que não era o intuito até o momento” relata.

Com a necessidade identificada, Ruzzi se reuniu com outros munícipes que juntos e de forma voluntária, começaram a dar forma ao projeto de restauração “o primeiro passo foi conversar com o dono da propriedade na época, pois apesar da Igrejinha já ser tombada, ela se encontrava em local privado, com sua autorização começamos então a fazer um levantamento histórico detalhado, um levantamento das medidas, materiais, estado de conservação, etc.” explica Ruzzi.

Feitos os levantamentos, foi elaborado um projeto contendo o que seria modificado, o que seria mantido e o que seria acrescentado, com a orientação do Professor Antônio Fernando dos Anjos, que ministrava a disciplina citada por Ruzzi, que completa “com o projeto pronto, foi feito um orçamento e uma vaquinha online para arrecadar fundos para bancar os gastos com materiais, visto que a mão de obra também seria voluntária na forma de mutirão.”

Em 30 de janeiro de 2021 a obra começou, com mutirões acontecendo sempre aos fins de semana “foram retiradas todas as intervenções inadequadas como forros de PVC, piso cerâmico e telhas. As esquadrias deterioradas de madeira foram removidas com cuidado e enviadas para recuperação. Todo o madeiramento comprometido do telhado foi removido e substituído por um novo, com a ajuda de um especialista na área, o Sr. Nivaldo Piza” conta Ruzzi.

As obras foram interrompidas por um período devido à falta de mão de obra e recursos financeiros, até que em 2022, a gleba onde a Igrejinha se encontra ganhou um novo proprietário, que assumiu os gastos com o restante do restauro, Ruzzi conta que com a retomada dos trabalhos “foram colocados os forros de madeira e piso de cimento queimado, assim como eram antes das intervenções. Rachaduras foram contidas, as paredes foram lavadas e escovadas para a retirada de bolor e posteriormente pintadas. As esquadrias de madeira foram recuperadas e reinstaladas.”

Foi projetada também uma base que conecta a Igrejinha ao Cruzeiro das Missões (outro ponto de destaque em Juruaia), tornando-o um mirante com vista de quase toda a cidade, “o calçamento desta base recebeu paralelepípedos históricos que calçavam as ruas da praça Prefeito Benjamin Antônio, e estavam guardados desde que foram substituídas por asfalto em 2014”, relata Ruzzi.

O projeto levou ainda energia elétrica até a Igrejinha, onde foi realizada a instalação de refletores que a iluminam a noite. Internamente, a Igrejinha nunca possuiu bancos ou um altar elaborado, e segundo Ruzzi,há planos para que isso seja feito nos próximos anos.

Atualmente, está em andamento a construção de uma escadaria de 195 degraus, que ligará a cidade à Igrejinha, vencendo o desnível e facilitando o acesso da população ao local, Igor conta que “os degraus serão divididos em 14 patamares que representarão as estações da Via Sacra.” Projeto que reforça ainda mais a beleza, história e religiosidade do projeto.